Os
sindicatos são entidades que defendem interesses coletivos de seus
representantes e se dividem sob dois tipos: sindicato profissional que
representa os trabalhadores e sindicato patronal ou econômico
que defende os interesses dos empregadores (empresários).
Ambos são mantidos
por recursos oriundos de seus representados e embora tenham
interesses em comum na defesa dos direitos e interesses das partes que
representam, tem em contrapartida a tentativa do equilíbrio entre o capital
e o trabalho, onde ambas as partes querem e precisam cada vez um ganho
maior numa situação normalmente antagônica.
Disto surge
a necessidade de uma negociação sindical que ocorre no mínimo uma vez
por um ano a partir da data-base das categorias profissionais. Data-Base
é o mês base fixado anualmente para tais negociações.
O sindicato
profissional é representado por seus dirigentes que foram eleitos a cada mandato
sindical via assembléia de trabalhadores e conforme o estatuto sindical, já o
sindicato patronal é representado por seus diretores, proprietários
de empresas e em diversas vezes por gestores de RH.
A negociação
sindical começa a partir do que chamamos de suscitação de uma parte a
outra, ou seja, o chamamento para negociação. Isto se dá normalmente
a partir de uma pauta de reivindicações do sindicato profissional que é
remetida ao sindicato patronal, que por sua vez, elabora uma contra-pauta.
Imagem administradores-rj.blogspot.com |
É natural
que ambas as partes façam um rol extenso das primeiras pautas, pois, ambas já
sabem de antemão que boa parte das reivindicações de ambos os lados serão
rejeitadas e assim, com uma gordura de pedidos, que alguns chamam de perfumarias, permite-se que haja uma menor
redução destes.
A primeira
reunião normalmente é mais amistosa, diversos sindicatos profissionais preferem
apresentar a pauta nesta reunião evitando remessas pelo correio, da mesma forma
o sindicato patronal abre uma segunda reunião apresentando sua contra-pauta
onde os indicativos de diferenças começam tenuamente a se acentuar, pois, a
contra-pauta já apresenta cortes da pauta recebida.
O bom senso,
diz, que as reuniões sejam nas sedes de ambos os sindicatos em sistema de
rodízio de modo a manter a harmonia democrática das partes e em uma sala
reservada e adequada com uma mesa, cadeiras confortáveis, água e boa ventilação
e iluminação.
Na terceira
reunião é que a negociação propriamente dita começa com maior
força, foco e direção, é onde o debate entre a pauta e a contra-pauta
realmente se tornam mais diretos e incisivos. Ali alguns itens de menor impacto
financeiro tendem a já ser acordados, são as chamadas cláusulas sociais (faltas justificadas, licenças, garantias de emprego, condições de segurança e saúde no trabalho, etc), contudo, os itens das chamadas cláusulas
econômicas são os mais delicadas das tratativas por tratarem de valores (pisos salariais, reajustes salariais pela inflação, aumentos reais, percentuais de horas extras, concessão de vales alimentação, etc) e, por isso, possuem amplo e maior
poder para determinarem ou não o sucesso das negociações chegando-se ou não a
um acordo. Há ainda as cláusulas sindicais que atendem a interesses específicos de cada sindicato (contribuições assistenciais, formas de acesso de dirigentes sindicais nas empresas, homologação de rescisões de contrato de trabalho, etc), que tendem a ser acordadas facilmente.
Dificilmente
se consegue fechar uma negociação sindical antes da quarta reunião, havendo
reiterados casos em que mesmo depois dela não se consiga fechar um acordo.
Fechando-se
um acordo, isto define a existência uma convenção coletiva, não se
fechando o mesmo nasce o dissídio coletivo, ocasião no qual uma das partes
ingressará na Justiça do Trabalho para que uma turma de desembargadores
julgue os pedidos das pautas, isto, normalmente se dá por parte do sindicato
profissional.
Alguns
sindicatos profissionais, antes de ingressar com o dissídio coletivo e após
esgotar as tentativas de negociação, optam ainda pelo estado de greve. O
estado de greve é uma ameaça clara e direta aos empregadores de que se consenso
não houver, uma greve certamente ocorrerá. Somado a ele os sindicatos
acompanhados de trabalhadores passam ainda a fazer protestos com carros de som
e panfletagens em frente às empresas como meio de pressão e de buscar a
aderência de outros trabalhadores ao movimento.
Em casos
extremos existem ainda sindicatos que propõe os chamados piquetes, que impedem
a entrada de trabalhadores aos postos de trabalho, fato este ilegal
e que mancha a imagem de tais sindicatos, permitindo, inclusive, com que a
empresa ingresse com o chamado processo judicial de interdito proibitório,
no qual judicialmente o sindicato é proibido de tais atos sob pena de pesada
multa. Outro fator, que por vezes, é usado são os Carros de Som, que até podem ser usados para o chamamento de trabalhadores juntamente com as panfletagens, mas jamais para ofensas aos empresários, o que por vezes ocorre levando os sindicatos a responderem judicialmente tais questões e causando animosidade as partes, dificultando a negociação.
O interdito proibitório, é tratado pelo Art. 567 do Código Processual Civil, que define que o possuidor, ou seja, aquele que detenha a posse, e que tenha justo receio de ser molestado nesta poderá requere ao Juiz que garanta a mesma sem perturbação, através de uma mandado proibitório, que puna o réu perturbador com multa caso haja transgressão do direito.
O estado de greve, em certo ponto até tende a ajudar ao aceite das pautas, mas por si só, não resolve, o que por vezes leva os sindicatos a proporem greves e junto com elas os chamados e ilegais piquetes, que normalmente são alvos de processos judiciais das empresas, e ficam proibidos pela justiça, sendo, entretanto, permitidas as manifestações pacíficas.
O interdito proibitório, é tratado pelo Art. 567 do Código Processual Civil, que define que o possuidor, ou seja, aquele que detenha a posse, e que tenha justo receio de ser molestado nesta poderá requere ao Juiz que garanta a mesma sem perturbação, através de uma mandado proibitório, que puna o réu perturbador com multa caso haja transgressão do direito.
O estado de greve, em certo ponto até tende a ajudar ao aceite das pautas, mas por si só, não resolve, o que por vezes leva os sindicatos a proporem greves e junto com elas os chamados e ilegais piquetes, que normalmente são alvos de processos judiciais das empresas, e ficam proibidos pela justiça, sendo, entretanto, permitidas as manifestações pacíficas.
A ocorrência
de greves, piquetes, etc, é prejudicial a ambos sindicatos, pois, representa
o fracasso das negociações e das habilidades e flexibilidades de uma das
partes, ou ambas, em negociar com bom senso, harmonia e flexibilidade,
além disto, prejudica tanto empregados como empregadores e por vezes até a
comunidade. Logicamente existe o direito de greve, o qual deve ser
respeitado sempre e até mesmo usado quando necessário, o que não pode ocorrer é
o uso deste direito sem bom senso e de modo abusivo.
Negociar representa conquistar e ceder, nenhuma
parte pode conquistar ou ceder mais que a outra, deve-se sempre buscar o equilíbrio,
algo que apesar de difícil e perfeitamente possível se prevalecer o bom senso e
habilidade de negociação entre ambas as partes.
Se ambas as
partes tiverem capacidade de negociação, bom senso e tratar as diferenças de
modo harmonioso haverá sensível aumento das chances de sucesso de um acordo.
Então vamos
a algumas dicas de como negociar:
- Antes
de se reunir com a outra parte, faça quantas reuniões forem necessárias com
os demais membros da sua comissão, discuta com eles a pauta e a
estratégia a abordar, é imperioso que todos estejam em consenso e da mesma
forma no dia da reunião assim se mantenham. Divisões internas darão maior força
ao outro lado, pois, você perderá apoio e foco, leve ainda o que pode ou não
ceder, não negocie isto com sua comissão na hora, você tenderá a expor a todos;
- Decisões
importantes e decisivas não podem ser tomadas na mesa de negociação, se
assim for, peça um tempo para discutir com sua comissão a parte;
- Busque
sempre um clima harmônico na negociação, desde a recepção até a saída da
mesa, não hesite em cumprimentar os presentes com um aperto de mão;
- Comece
pelo quebra-gelo, permita inicialmente um momento rápido e passageiro de
fuga do foco conversando com as partes sobre algum tema ameno e de interesse de
todos de modo a harmonizar o ambiente;
- Leia e reflita
sobre a pauta com antecedência e prepare argumentos e contra-argumentos bem
fundamentados, com fatos e números sobre ela para apresentar e argumentar;
- Leve os fatos
que justifiquem seus posicionamentos como notícias em jornais, indicadores
econômicos, índices de desemprego e inflação, percentual médio de
fechamento de outras convenções coletivas, etc;
- Ao se
posicionar sobre a pauta, jamais critique e muito menos ironize qualquer ponto
dela, por mais absurdo que pareça;
- Não veja
as diferenças de posicionamentos como ameaças ou afrontas, se ambos os lados
pensassem iguais nem estariam negociando;
- Seja
firme, mas educado, seja flexível, mas moderado, tenha um meio termo em
todas estas ações;
- Não caia
no jogo do bonzinho e do malzinho, é natural esta estratégia, onde um
negociador de uma mesma comissão é educado, pacífico e flexível ao passo que o
seu colega é deselegante, agressivo e rígido, em grande parte dos casos isto é
uma estratégia por eles previamente combinada, no intuito de ganharem força e
simpatias para atacar e se defender fazendo com que a outra parte personalize
algo que é de toda a comissão. Neste caso se mantenha profissional e saiba que
ambos estão em sintonia, muito embora a aparência seja outra;
- Tenha cuidados
com os blefes de ambas as partes, pois, eles tendem a aparecer;
- Não
atenda o celular durante a negociação e o mantenha desligado, além
de um desrespeito com os presentes, lhe tirará o foco e a concentração na
mesma;
- Tente prevenir
o conflito não vendo as diferenças como problema, mas sim como diferenças
normais de percepções;
- Seja profissional
e deixe de lado questões pessoais com os demais presentes, ignore sua simpatia
ou antipatia por alguns dos presentes, trate a todos profissionalmente;
- Tenha empatia
com as partes, coloque-se no lugar deles para entender as dificuldades;
- Jamais
deixe com a emoção prevaleça sobre a razão.
Em
negociações sindicais focadas ao acordo coletivo, a diferença está
apenas que a comissão não será do sindicato patronal, mas de uma empresa
específica que negociará diretamente com uma comissão do sindicato profissional
condições de trabalho a ser aplicadas exclusivamente a esta empresa e que cujo
fracasso das negociações não resultará em dissídio coletivo, pois, este pode
ser oriundo apenas de tentativas de convenções coletivas, da mesma forma o
direito de greve é inaplicável neste caso.