Atualmente nas organizações
modernas e que investem pesadamente no capital humano, um processo vem se destacando com cada vez mais ênfase para o desenvolvimento de pessoas,
principalmente de líderes, é o processo
chamado de coaching.
Coaching na língua inglesa significa
treinamento ou instrução, e na língua portuguesa significa o processo de desenvolvimento realizado pelo coach, que
língua inglesa significa treinador ou técnico e
na língua portuguesa significa o
profissional de conduzirá o processo de coaching, junto ao coachee, que é o profissional que recebe o processo de desenvolvimento, como se
fosse uma espécie de aluno
consciente e participativo.
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O Coaching é uma metodologia de acompanhamento de um coachee por meio de
diálogos com um coach com foco na pessoa, no seu desempenho, em resultados
e competências técnicas e comportamentais a serem por ela desenvolvidas, procurando motivar questionamentos da
própria pessoa para o encontro de suas próprias respostas sem dar-se as mesmas,
gerando assim uma maior conscientização e responsabilidade, além de permitir que
a pessoa desenvolva sua autonomia de
reflexão e um autoconhecimento de si mesma, inclusive, de suas aptidões, vocações e mesmo defeitos.
Isto que principalmente diferencia
a metodologia do processo de coaching para
o processo de mentoring onde se ensina e
se dá respostas numa relação de
conselhos e tutorias, conforme é muito usado em programas de trainees.
No entanto, o processo de coaching, apesar de apresentar
resultados bastante positivos, não é propício a todas as organizações
na medida em que além de envolver
questões relacionadas a esta aceitação pela cultura organizacional de cada
empresa, envolve ainda custos bem
altos, principalmente quando o processo for desenvolvido por profissionais renomados
no mercado. Assim, nem todas as organizações tem interesse, ou mesmo capital
financeiro para bancar um processo de coaching, cujo, alguns profissionais
chegam a cobrar honorários de R$ 300,00 a R$ 600,00 por sessões de 1 hora em alguns estados
do Brasil, além disto, cada trabalho requer no mínimo 10h em média para cada tipo de competência a ser desenvolvida e
de modo individual. O serviço normalmente é feito por sessões quinzenais com 1h de duração em média.
Entretanto, o processo de
coaching tende a ter este custo alto quando conduzido por profissionais de fora
da empresa em regime de consultoria
externa de RH, neste caso normalmente a equipe de coachs é formada por
profissionais experientes na técnica, com forte vivência mercadológica e
consultiva, e somado isto normalmente são professores de universidades.
Um processo de coaching realizado por um consultor externo de RH tem
significativas vantagens, pois, além
da excelente bagagem profissional de
tais profissionais, estes ainda trazem consigo a isenção de um profissional de fora para tratar desta questão na
empresa, favorecendo uma maior imparcialidade
e segurança ao processo.
Porém, sou partidário convicto da corrente de pensamento que entende que o
processo de coaching pode perfeitamente ser conduzido por profissionais da
própria empresa, que neste caso se enquadrem como consultores internos de RH, porém, focados na capacitação e no desenvolvimento
de pessoas.
Entendo, que uma consultoria interna voltada ao coaching, se bem
conduzida, pode ter resultados similares ao de uma consultoria externa de RH,
e em alguns casos até mesmo melhores,
pois, o consultor interno de RH
embora possa ser visto por alguns como um santo de casa, já está perfeitamente integrado à cultura organizacional da
empresa e aos estilos de gestão da
mesma, podendo, neste caso existir vantagem sobre a consultoria externa.
Esta integração permite com que o consultor
interno de RH, saiba de antemão o chão que está pisando, e como lidar com cada tipo de situação e
principalmente de lideranças, criando para isto estratégias de ação baseadas numa experiência real interna na
empresa. A resistência das pessoas
ao processo de consultoria interna é
normal, e também existe para a
consultoria externa de RH, ao passo que podem ver o consultor interno de RH como santo de casa, podem também ver o consultor externo de RH como alguém de fora
que tenha vindo para se intrometer em processos que internamente estas
pessoas já dominam.
No que se refere à confiança das pessoas, muitas vêem o consultor externo de RH como alguém de fora
propenso e procurar defeitos e encontrar culpados para a direção da
empresa, outros vêem o consultor interno
de RH na mesma linha.
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Enfim, entendo que as vantagens da consultoria interna e externa de RH são
similares e o que vai definir o
melhor modelo para cada empresa é cada situação a ser tratada e as possibilidades financeiras da
mesma.
Por exemplo, realizar coachings com a alta direção de uma empresa
tende a haver um maior impacto com um
consultor externo de RH por normalmente os diretores estarem mais propensos a
ouvir opiniões de fora, ao passo, que para com as gerências e supervisões
tende a existir um maior sucesso para processos feitos por consultores internos de RH, na medida
em que estes ocupando a mesma condição
de empregados, e, portanto, da casa e numa mesma situação, tendem a fazer
com isto com que os demais se sintam menos
inseguros do que frente a consultores externos de RH.
Os custos de uma consultoria externa de RH são bem mais altos que o de uma
consultoria interna de RH na questão do valor de honorários. A consultoria externa de RH tem a vantagem
ter custos variáveis e passageiros, ao passo que a consultoria interna de RH tem custos fixos por envolver um empregado
da empresa, no entanto, nada impede que
o consultor interno de RH, além do coaching, conduza outros processos da
empresa, como, por exemplo, o de capacitação e desenvolvimento de pessoas,
assim isto com certeza pode excluir esta
desvantagem.
Na questão experiência e bagagem profissional, normalmente os consultores externos de RH tendem a possuir
este quesito como vantagem sobre os consultores internos, mas isto depende muito de cada profissional,
havendo casos de empresas que possuem consultores
internos de RH com profunda bagagem mercadológica e alguns deles até
professores universitários, logo, isto depende
muito do tipo de profissional que a empresa contrata internamente.
Em minha vida profissional fiz trabalhos híbridos que envolviam uma ação em equipe composta por consultores
externos trabalhando em parceria comigo e com outros consultores internos,
somando forças e vantagens, além de eliminar as desvantagens de cada modelo
pelo complemento e integração das ações.
Contudo, a questão aqui não é defender a prevalência da vantagem de uma
consultoria interna de RH sobre a consultoria externa de RH ou vice-versa,
pois, isto sempre dependerá da cultura
organizacional e dos capitais financeiros de cada empresa, além da capacitação de cada consultor, seja ele
externo ou interno, e ambas as
formas de consultorias, possuem suas vantagens e desvantagens.
Nas empresas onde atuei como Gerente de RH assumia dentro das minhas atribuições um
espírito de consultoria interna de RH e dentro das minhas diversas
atividades também estavam as de coach dos
líderes e até alguns profissionais subalternos.
Nesta postagem o objetivo é discutir como ser um coach e uma técnica de realização deste trabalho,
onde as dicas aqui postadas podem ser usadas
tanto por consultores externos de RH, como
por consultores internos de RH de empresas, que pretendem implantar um
processo de coaching.
Em termos de formação o coach precisa ter no mínimo nível superior completo e ao menos uma pós-graduação
de especialização em gestão de pessoas, quanto maior for a escolaridade do
coach melhor, pois, junto com o acréscimo dela se somam os conhecimentos
aprendidos na educação formal e continuada. Os cursos superiores de formação mais adequados aos profissionais
coachs são os de administração, tecnólogo em RH, pedagogia e psicologia.
A experiência do coach precisa ser profunda, ele tem que ser um profissional com diversos anos de vivência mercadológica, no mínimo 5 anos, quanto mais melhor,
de experiência profissional, preferencialmente, incluindo, cargos de gestão, como supervisões, gerências ou direções
nas áreas em que pretende atuar. Além do conhecimento
prático, o coach ainda precisa de um profundo e constantemente atualizado
conhecimento teórico das áreas que vai ensinar, além das tendências destas e do mercado, sendo
assim, é fundamental que seja um profissional
muito envolvido com leituras e pesquisas e que entenda bastante de pessoas.
O coach precisa ter um rol
longo de competências dentre elas
especialmente capacidades de liderança, iniciativa, negociação, persuasão,
empatia, comprometimento, transparência, espírito de equipe, persistência,
paciência, ética, tolerância, domínio do negócio, foco em resultados e
algum conhecimento didático, pois,
como falamos no começa desta postagem a função
do coach não é ensinar, mas fazer a
pessoa aprender por si. Assim, o coaching busca a mudança de comportamentos
sem fornecer idéias ou respostas, mas sim conduzindo e auxiliando com que o
coachee as encontre a partir de si mesmo o que precisa ser mudado.
As competências a serem desenvolvidas no processo de coaching são decorrentes de um diagnóstico,
normalmente gerado pelas avaliações de
desempenho realizadas pelas empresas ou por pontos de vista das diretorias sobre as necessidades de seus gerentes
ou supervisores, podendo, porém, o processo
de coaching ser aplicado a qualquer nível da organização se for desejo dela.
Com base nestas competências pela
empresa levantadas, os trabalhos de coach são feitos para cada uma destas
competências a serem desenvolvidas durando em torno de 10 sessões semanais de 1h para cada uma delas.
Pode ocorrer ainda da necessidade
do próprio coach auxiliar no diagnóstico
das competências técnicas e comportamentais, pois há algumas empresas que
não definem, apenas pedem melhorias, assim, ele precisa conduzir o coachee a refletir sobre si mesmo e se enxergar dentro do
contexto da empresa no passado, no presente e no futuro ideal.
Sugere-se trazer à tona perguntas como: O que você diria de você? O
que seus chefes passados e atuais diriam de você? O que seus subordinados
atuais e passados diriam de você? O que
seus pares diriam de você? O que seus clientes e fornecedores diriam de você? O
que sua família e amigos diriam de você? Depois com perguntas neste mesmo
sentido, porém questionando o que ele gostaria que pensassem dele e como ela
gostaria de ser.
Pode-se pedir ao coachee que cite colegas pares (da sua mesma função) que são admirados pelas suas competências,
seja por ele próprio, seja pelos subordinados destes e a seguir levá-lo a uma reflexão do por quê este par consegue este feito e
no que ele mesmo pode se espelhar neste colega. Caso o coachee não
identifique pares na empresa atual, podem
ser de outras empresas pelas quais passou ou por seus superiores hierárquicos
presentes ou passados. Em alguns casos pode-se ainda haver o espelhamento em personalidades do mundo
empresarial de notável sucesso profissional.
O coach precisa construir uma relação de confiança com o coachee de
modo com que este vá se abrindo, criando
um vínculo e levando o coachee a perceber que o processo se trata de uma
oportunidade de crescimento profissional e pessoal para ele próprio.
Por volta da 4ª sessão o coach faz uma avaliação e fornece o seu feedback ao coachee
e ambos combinam o seguimento dos rumos das sessões futuras com base
neste. É um trabalho e uma relação de
parceria entre o coach e coachee, onde precisa haver uma confiança mútua com foco nas melhorias
e um forte senso de colaboração e
comprometimento mútuo, principalmente do coachee, pois, somente aprenderá se quiser.
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A partir dos avanços do processo,
o coachee é incentivado pelo coach a
desenvolver o seu próprio plano de ações para o desenvolvimento individual de
cada competência, com metas e etapas definidas, e periodicamente em conjunto com o coach avaliar os avanços do mesmo.
Para isto podem instituir graus de 0 a
10 para acompanharem gradualmente os itens pendentes de alcance.
Em paralelo, ambos podem ainda
desenvolver um plano de contingência
para vencer os desafios e dependendo do caso, podem ainda alterar alguns pontos do plano de desenvolvimento individual, pois,
ele precisa ser flexível às necessidades
futuras.
O coach deve ter ainda um papel motivador, apresentar ao coachee uma
posição firme de que acredita no
potencial do mesmo para alcançar os resultados e as mudanças necessárias em
seu perfil e comportamento, assim como o alcance das competências levantadas
pelo diagnóstico.
Findado o processo, cabe ao coach apresentar apenas o plano de ação e
de desenvolvimento individual do coachee à empresa, mantendo total discrição de todos detalhes que foram
abordados entre ele e o coachee, e finalmente requisitando que a própria empresa avalie as mudanças nas
competências do coachee apresentadas no plano de ação e de desenvolvimento.
Finalizo esta postagem afirmando
que existem outras correntes de
pensamento sobre os processos de coaching que divergem destas em alguns
pontos, havendo, por exemplo, correntes
que crêem que cabe ao coach repassar relatórios e informações detalhadas de
todo processo que envolve o coachee de modo aberto à empresa, além de outras diferenças.
Assim, cabe ao leitor ler e
interpretar as correntes que entende como mais adequadas para a situação que
vivencia, podendo, ainda criar ações híbridas de diferentes correntes, desde
que tenha conhecimento técnico e segurança para mesclar ambas.