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domingo, 16 de setembro de 2018

Dicas de como Produzir Questões Modelo Enade para Professores


O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), é um tipo de prova elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ligado ao Ministério de Educação e Cultura (MEC), para avaliar os alunos prestes a concluírem os cursos de graduação em suas formações, sendo de participação obrigatória pelos mesmos, sob pena de não colarem grau, ou seja, de não serem diplomados, e que constará em seus respectivos históricos escolares, ocorrendo a cada 03 anos para cada área de formação dos cursos de superiores. 


O Enade faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que permite juntamente com outras avaliações, verificar a qualidade dos cursos superiores e das instituições de ensino que os ministram no Brasil.

Imagem G1 -Globo.com
O modelo de prova padrão Enade possui qualidade indiscutível, portanto, nesta postagem irei trazer algumas discussões e dicas básicas a respeito de como nós Professores do Ensino Formal, ou mesmo os Instrutores de Treinamento, podemos adotar provas no modelo padrão Enade para avaliar o aprendizado dos nossos alunos ou treinandos. 

Discussões estas que virão a  partir do conhecimento que venho tendo adotando avaliações neste padrão em minhas turmas de alunos desde de o ano de 2014, padrão no qual tenho constatado uma efetiva melhoria no aprendizado destes, pois, as provas modelo Enade são reflexivas, e assim sendo, se tratam de avaliações onde o aluno efetivamente também aprende com elas pois, precisa pensar criticamente.

No seu modelo original e prático, a prova Enade em seu geral como avaliação, normalmente é composta para até 04 horas de duração e a permanência obrigatória do aluno concluinte, o qual neste texto chamarei de respondente, na sala é de no mínimo 01 hora. A prova contém 40 questões, sendo 10 questões que tratam da formação geral avaliando os conhecimentos gerais (8 questões de múltipla escolha e 2 discursivas), que valem a 25% da nota da prova, e por 30 questões que tratam da formação específica avaliando os conhecimentos específicos da área de estudo contendo (27 questões de múltipla escolha e 3 discursivas), que tem peso de 75% na nota.

A prova é normalmente composta por 30% de questões fáceis, 40% de questões medianas e 30% de questões difíceis, apresentando assim, um equilíbrio.

Deve-se na elaboração de avaliações modelo Enade considerar o tempo de leitura de cada questão para a previsão da duração da prova, pois, as questões envolvem maior reflexão do respondente do que em uma prova tradicional, demorando, portanto, mais tempo.

ESTRUTURA DE CADA QUESTÃO DA AVALIAÇÃO MODELO ENADE

Em relação à estrutura de cada questão da avaliação modelo Enade, esta é composta por três partes contendo: um Texto Base, um Enunciado e Alternativas de Respostas. Todas estas partes não devem favorecer a simples memorização ou recordação do respondente.

Texto Base: Apresenta a situação-problema (uma espécie de desafio que gerará a resposta para a questão), sendo baseada em livros, artigos, revistas ou jornais de forma introdutória, e ainda podem requerer a análise tabelas, gráficos, figuras e imagens. No texto base a fonte das informações sempre deve ser citada conforme as normas da ABNT, estando ele sempre relacionado com cada questão e normalmente, abordando assuntos atuais ou clássicos.

Enunciado: Trata-se de um comando curto e claro na forma de pergunta ou de frase a ser completada ou respondida por alternativas de respostas, que irão requerer sempre a assinalação da resposta que estiver correta. Deve ser variado quanto ao seu tipo ao longo da prova. Podem conter a palavra “apenas”, caso a mesma não conste nas alternativas. Não são apresentadas nos enunciados pegadinhas, com o uso da palavra exceto, por exemplo, ou que privilegiem a busca pela resposta incorreta, mas sim a resposta correta, sempre na forma afirmativa. Também não são apresentadas alternativas em que todas as respostas estejam certas ou erradas e a disposição é normalmente da menor para a maior resposta.

Alternativas: São as possibilidades de respostas, compostas por 05 respostas, com 01 gabarito plausível de resposta correta e outros 04 distratores plausíveis de respostas incorretas, os distratores jamais podem ser absurdos, fantasiosos ou evidentes, devem gerar dúvidas em cada resposta de forma que pareçam corretas para respondentes que não dominem perfeitamente a resposta certa, embora devam ser inquestionáveis, ou seja, bem elaborados. Também podem conter a palavra “apenas”, caso a mesma não conste no enunciado. Tanto o gabarito (resposta certa), como os distratores (respostas erradas), não devem induzir o respondente ao acerto ou ao erro, mas sim, fazer com que ele traga de seu grau de conhecimento a sua própria resposta.
As opções de respostas se repetem na mesma quantidade, e a extensão delas não são longas e são parecidas entre si quanto ao tamanho.

TIPOS DE QUESTÃO DA AVALIAÇÃO MODELO ENADE

A formas das questões da avaliação modelo Enade, podem se classificar nos diferentes tipos de questões a seguir:

Verdadeiro ou Falso: são questões que consistem em marcar V para as respostas verdadeiras e F para as respostas falsas. Normalmente, são pouco usadas nas provas modelo Enade.

Ordenação: tratam-se de questões que se baseiam em sequenciar elementos de acordo com a sua ordem correta, normalmente, são questões pouco usadas nas provas modelo Enade.

Preenchimento de Lacunas: são representadas por questões que apresentam entre 1 e 3 espaços para preenchimento somente por cada questão.

Associação entre Colunas: são questões que consistem em associar um par de colunas, onde a 1ª coluna apresenta os títulos dos conceitos e no outro lado, a 2ª coluna traz de forma desordenada as respectivas respostas para cada um dos conceitos. Normalmente a associação entre colunas se dá por números ou letras.

Discursiva: aborda questões dissertativas, portanto, abertas, que giram em torno de 15% das questões da avaliação, e possuem um enunciado claro e determinado no conteúdo buscado para a resposta, evitando o uso de meras opiniões em suas respostas. Visam analisar a clareza, o vocabulário, a correção gramatical, a capacidade de síntese e coesão de ideias do respondente, assim, como se as suas fundamentações estão conforme o estudo do conteúdo proposto. Nestas questões seus enunciados podem ainda requerer relações entre as causas e efeitos ao abordar algum assunto, e indicam um padrão da forma de resposta esperada.

O espaço para resposta de cada questão discursiva compreende 15 linhas, e desconsidera a avaliação de qualquer texto que ultrapasse este limite de espaço destinado.

Múltipla Escolha: representam a maioria das questões da avaliação, são compostas por questões objetivas que permitem múltiplas escolhas de respostas através de várias frases, podendo ser mistas, onde apenas uma é a correta. Se dividem em questões de Resposta Múltipla, Complementação Simples, Interpretação e Asserção/Razão.

TIPOS DE QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA NA AVALIAÇÃO MODELO ENADE

Resposta Múltipla: trata-se de um tipo de questão que apresenta múltiplas alternativas para serem refletidas, onde apenas uma dentre estas será a resposta correta.

Complementação Simples: apontam um comando para a resposta a partir de uma frase incompleta no enunciado e cujo complemento é a resposta que se acha em uma das alternativas, são questões pouco usadas.

Interpretação: são compostas por questões interpretativas de tabelas, gráficos, figuras, imagens, ou mesmo de textos com uma situação problema, que exigem uma análise do respondente baseada numa correta interpretação, e posterior, assinalação correta de uma das alternativas de respostas propostas.

Asserção(Proposição)/Razão(Causa): são questões compostas por duas proposições, que trazem a palavra PORQUE, entre elas, onde a segunda é a razão, justificativa ou mesmo oposição à primeira proposição, requerendo a análise de relações entre ambas proposições. Assim, excepcionalmente, neste tipo de questão há tanto opções afirmativas, como negativas. Estas questões contém uma relação, questionando se há correção ou não, se uma questão justifica ou não a outra, se uma é verdadeira e a outra é falsa, ou se ambas são verdadeiras ou ambas são falsas. Normalmente consistem na minoria das questões da avaliação, mas são as que apresentam maiores índices de dificuldades de respostas pelos respondentes.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Como Ministrar Treinamentos?

Falar em público tem sido um dos grandes desafios de boa parte das pessoas, sendo ele maior ainda para quem é tímido.
Quando se ministra um treinamento, falar em público é o básico, pois, você precisa bem mais que isto, precisa ainda além de falar, falar bem e de um modo que o público ouça e entenda bem tudo o que for por você exposto.
Ministrar treinamentos é uma das tarefas de RH, ligadas ao Subsistema de Recursos Humanos de Treinamento e Desenvolvimento, o T&D, mas que também é exercida por instrutores de outros Subsistemas de RH como Segurança e Medicina do Trabalho, por exemplo, e também por instrutores de outras áreas da empresa como a área da Qualidade e de Produção.
Eu Ministrando um Treinamento
Ao subsistema de treinamento e desenvolvimento cabe além de ministrar treinamentos, realizar o diagnóstico de levantamento das necessidades de treinamento e desenvolvimento, elaborar o plano de treinamento e de desenvolvimento anual, organizar todos os recursos necessários como salas de aula, equipamentos, coffee breack, convocações, listas de chamadas, certificados, etc. Ainda que haja envolvimento de instrutores externos ou pertencentes a outras áreas da empresa, cabe a área de T&D o constante treinamento e avaliação dos mesmos, assim como da qualidade e da satisfação dos treinados em geral. Alguns treinamentos podem ainda necessitarem da contratação de instrutores externos, neste caso a área de T&D busca, seleciona e acompanha o consultor contratado.
Nesta postagem vamos nos focar em como Ministrar um Treinamento, requisito este de fundamental domínio pleno pela área de T&D, seja para ministrar treinamentos, seja para desenvolver ou selecionar bons instrutores.
Vamos às necessidades que você deve suprir para ser um bom instrutor de treinamentos:
Vontade: você primeiramente precisa ter o desejo de ministrar um treinamento, de nada adianta ter capacidades se o fizer sem vontade, na prática quem não percebeu um professor que não dava aula bem, ao passo, que outro dava uma aula espetacular na mesma matéria, o que muda em ambos é o requisito vontade de ensinar;
Comprometimento e Conhecimento Técnico: você precisa estar comprometido com o processo, para isto precisa ter conhecimento técnico profundo do conteúdo que abordará e ainda assim recomendo aprofundar ainda mais o mesmo com leituras e pesquisas. A vivência prática é fundamental, de nada adianta ser apenas teórico, pois, os alunos tem interesse em exemplos práticos do dia a dia também, além do mais você não pode ter um discurso (teórico) que não feche com a sua prática (experiência profissional no tema). Porém, isto não significa que você somente possa dar aulas de temas nos quais praticou, desde que saiba como funciona a prática com segurança a partir de análise de casos da mesma e que isto não seja uma exceção, ou seja, que você tenha prática nos demais conteúdos do assunto;
Preparo Constante: por mais que domine um conteúdo, por mais treinamentos que tenhas ministrado nomes, você precisa estar sempre o aprimorando, você precisa dominá-lo ao ponto de ter segurança sobre ele quando ensinar, inclusive, quando questionado por alunos;
Capacidade de Concentração: você precisa ter capacidade de concentração, ou seja, tanto para pesquisar e entender conteúdos para ensinar, como para com a dinâmica da turma, pois, existirão situações em que você precisará ensinar um público onde exista ainda que uma minoria que atrapalhe com conversas paralelas;
Seja paciente: consigo mesmo e com os alunos, alguns terão mais dificuldades de aprendizado que outros, outros mais interesse que outros, enfim, as turmas tendem a ter pessoas diferentes e você precisará lidar bem com todas elas;
Planeje com antecedência: faça previamente um roteiro de apresentação dos conteúdos por ligação entre eles e graus de dificuldade, evoluindo sempre que possível do mais fácil para o mais difícil;
Administre o tempo: você precisa ter pleno controle do tempo necessário para a aula, não pode reduzir nem aumentar o mesmo em demasia, não hesite em acompanhar discretamente o relógio;
Seja seguro, mas humilde: por mais que você que tenha estudado o conteúdo, sempre poderá existir a possibilidade de que um aluno tenha dúvida inusitada que você excepcionalmente não saiba como responder no momento, diga ele então que vai pesquisar a dúvida e lhe traga a resposta o mais breve possível. Se for no último dia de treinamento, envie por e-mail ou telefone a ele. Para reduzir este risco, é vital se preparar exaustivamente para ministrar um treinamento, principalmente treinamentos de legislação;
Domine diversas didáticas: você deve dominar todas as técnicas, seja de uma aula expositiva, de estudos de casos, dinâmicas de grupos, debates, filmes discutidos, entre diversas outras;
Domine os recursos, mas não deixe eles dominarem você: além de saber usar o quadro branco e o flip shart, você deve dominar principalmente o uso do data-show e do Windows e Power point com profundidade. Jamais dependa exclusivamente de tecnologias, o bom instrutor dará aula, mesmo que o data show estrague antes ou durante a apresentação, pois, ele usa a tecnologia para facilitar a exposição, mas não para depender dela. O Bom instrutor está preparado tecnicamente para adaptar e usar outros recurso, ou mesmo dar uma aula expositiva sem o data show, pois, domina com profundidade o conteúdo;
Tenha habilidades de comunicação e supere as barreiras dela: você precisa ser claro em suas explicações e vencer todos os obstáculos comunicativos que naturalmente surgem. Sugiro ao leitor complementar esta leitura lendo a postagem sobre "como funciona o processo de comunicação" aqui postada anteriormente;
Prenda a atenção da turma: realize uma aula criativa, ligando sempre a teoria à prática ao explicar um tema, mescle os recursos, use além do data show, o quadro branco e dinâmicas de grupos, não se foque apenas num recurso. Use um tom de voz adequado, nem muito baixo, nem muito alto e que seja ouvido por todos. Esteja motivado, pois, somente assim poderá tentar disseminar a motivação entre os alunos. Jamais dê sinais de você mesmo acha o conteúdo complexo, difícil ou enfadonho, senão passará isto à turma e sua aula tenderá ser um fracasso, pois, a turma tende a seguir seus sinais;
Tenha sempre um plano B, se houver algum problema em relação ao conteúdo que você iria ministrar tenha outro conteúdo de reserva, se você trouxe um pen drive com material, lembre-se de ter um back-up salvo em CD ou um material impresso, enfim, você não pode cancelar uma aula pela simples falta de um plano B se algo der errado;
Tente ter um bom relacionamento interpessoal com seus alunos: quando se tem um bom relacionamento com os alunos, o instrutor possui maior poder de influência sobre eles para o aprendizado e para a disciplina em sala de aula. Tentar manter a disciplina aos gritos, sob ameaças de reprovação, ou sendo omisso à necessidade de buscá-la, entre outras atitudes, nada mais é do que absoluta falta de liderança do instrutor sobre a turma.
Elabore materiais para racionalizar o tempo: por exemplo apostilas ou slides para anotação dos alunos, isto evita com que fiquem copiando atrasando a exposição do instrutor e lhe desfocando a atenção, além disto facilitam o aprendizado, pois, permitem que o aluno revise posteriormente o material;
Adeque o Ensino às necessidades da turma: tenha em mente que os alunos tem diferentes níveis de inteligência e diferentes perfis de aprendizagem, uns aprendem mais lendo, outros ouvindo, uns fazendo, outros vendo e muitos numa combinação de tudo isto. Assim, você precisa ter uma didática flexível e conseguir a ensinar a todos superando tais diferenças, uma forma de reduzir a dificuldade de lidar com isto, é dar aulas mesclando recursos visuais, auditivos e práticos. Por exemplo, dê uma aula expositiva usando o data show (jamais lendo ele o que é um absurdo), use o mesmo apenas para ilustrar e com imagens, as palavras devem sair da sua mente, o data show no máximo deve lhe lembrar tópicos do assunto. Faça ainda uma dinâmica de grupo ligada ao conteúdo para o pessoal praticar e dê um estudo de caso para lerem. Isto tudo para treinamentos longos, em palestras não há tempo para tudo isto;
Cooperação dos Gestores: conquiste a compreensão destes, conscientizando-os sobre a importância dos treinamentos, facilitando a liberação dos subordinados, crie laços com eles e prepare um treinamento especial para eles;
Beba bastante água e esteja alimentado: é normal que o bom instrutor fale bastante no treinamento, assim, se deve ter de antemão uma garrafa de água e bebê-la com freqüência para lubrificar a garganta (usando um copo com discrição e jamais no bico) evitando a perda da qualidade da voz. Como em boa parte dos treinamentos ficamos em pé, você precisa ainda estar alimentado (refeição leve), pois, haverá um desgaste físico, alguns treinamentos que ministrei já fiquei mais três horas seguidas em pé.

Tenha uma postura adequada: jamais use gírias ou palavras de baixo calão mesmo que o público seja receptivo, seja educado e alegre, mas não exagere nas brincadeiras, use roupas discretas e não se escore em paredes ou coloque mãos permanentemente no bolsos. Olhe para o público e não apenas para uma pessoa ou para baixo. Dê espaço para perguntas e seja atencioso e prestativo para elas.
Devemos ainda ter em mente que o treinamento de adultos é totalmente diferente do treinamento para crianças, pois, os adultos buscam uma aplicação imediata do aprendizado, são mais críticos e tem expectativas e exigências mais rígidas e elevadas, é a chamada Andragogia, ou seja, a ciência de como ensinar alunos adultos a aprender. Lembre-se que em treinamentos empresariais seu público será sempre de adultos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Entenda a História da Qualidade de um modo fácil, rápido e atraente!


O tema da gestão da qualidade é de grande importância, tanto, no mundo dos negócios, como no mundo profissional, porém, quando se fala em qualidade, pessoas não muito envolvidas com o tema, muitas vezes, não compreendem os fundamentos da mesma e alguns até acham o tema complexo e por vezes até muito teórico para estudo.

Presenciei estes pontos de vistas iniciais em meus alunos quando ministrei a disciplina de Gestão da Qualidade em uma turma do Curso Técnico em Contabilidade, eles inicialmente estavam mais focados em disciplinas com ligação que julgavam direta com o curso. Assim. minha estratégia então foi a mudar o pensamento deles já na 1ª aula, demonstrando história da qualidade um modo bem fácil de entender, fundamentado em fatos que envolvam a história, geografia, empreendedorismo, gestão e estratégia.

Primeiramente lembrei a eles que os princípios da qualidade podem e devem ser usados em todos os negócios, e eles como futuros contabilistas seriam empreendedores em sua maioria montando um escritório de contabilidade próprio no futuro ao estarem formados, portanto, os ensinamentos da qualidade se entendidos e aplicados aumentariam significativamente as chances de sucesso do empreendimento deles.

Esclarecidos os pontos iniciais da conscientização, vamos à abordagem principal, a “história da qualidade”, que é formada por diversos aspectos históricos e pelos ensinamentos elaborados pelos chamados “Gurus da Qualidade”, que foram os protagonistas das evoluções da qualidade, ou seja, os maiores mestres dela e da sua difusão mundial. Dentre eles se destacaram Deming, Juran, Ishikawa,  Crosby, Feigenbaun, entre outros.

Nesta postagem vamos abordar alguns aspectos que envolveram as ações e ensinamentos do guru da qualidade Deming, a fim de explicarmos a história dela conforme proposto no início desta postagem, mas lembramos que as contribuições ensinamentos deste guru, assim, como dos demais, foram bem maiores do que aqui será mencionado, pois, nossa abordagem será resumida.

Deming era um matemático norte-americano especialista em qualidade, tinha princípios e conceitos bem definidos, mas naquela época por volta da década 40 nos Estados Unidos ainda não havia uma conscientização da vital necessidade da gestão da qualidade para os negócios e Deming era visto como um santo de casa.

Imagem historiadomundo.uol.com.br
Em 1945 a Segunda Guerra Mundial findou com o aniquilamento do Japão pelas bombas atômicas usadas pelos Estados Unidos contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, deixando este país totalmente devastado pela guerra.

A vitória dos aliados (Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, etc) contra o eixo (Japão, Itália e Alemanha) dividiu o planeta em dois lados, um lado capitalista liderado pelos Estados Unidos e outro lado comunista liderado pela antiga União Soviética (hoje a Rússia e outros países hoje independentes). Começou então a chamada guerra fria, onde ambos começaram uma luta armamentista, nuclear, econômica e política para liderarem o mundo competindo ativamente entre si e procurando agregar o maior número possível de países para cada lado.

Como sabemos muito embora, os Estados Unidos tenham sido os principais destruidores do Japão, também foram os principais levantadores deste país por eles destruído, apesar de existir alguma razão social para isto como meio de reparar o passado, o principal motivo deste apoio foi estratégico na corrida pela vitória na guerra fria por parte dos Estados Unidos frente à União Soviética.   

Isto se deu por que geograficamente o Japão fica literalmente no quintal da União Soviética, sendo, portanto, mais do que social, principalmente estratégico ter os Estados Unidos um aliado por ele reconstruído numa posição geográfica tão importante. Os mapas demonstram a distância do solo norte-americano em relação ao solo japonês do seu principal inimigo na época, a União Soviética, que era composta principalmente pela Rússia.

Imagem brasilnojamboree.blogspot.com
Você deve estar se perguntando o que esta aula de história, geografia e política tem haver com a qualidade, então esclareço que desta reconstrução decorrente da guerra fria, deu-se início ao chamado milagre japonês, que transformou o Japão, um país destruído, numa potência econômica em um espaço de tempo não muito longo.

Para contribuir com o milagre japonês os Estados Unidos passaram a enviar ao Japão além de subsídios financeiros, principalmente subsídios intelectuais para ensinarem os japoneses a se reerguerem também, nesta etapa surgem vários consultores e palestrantes, dentre eles Deming, que ministrou uma série de cursos, palestras e ensinamentos de qualidade aos empresários japoneses.

Deming não estava preocupado em ganhar dinheiro, pois, foi para um país em crise e pobre pela guerra, seu foco era difundir seus conhecimentos que nos Estados Unidos não encontravam apoio, e aproveitar o publico e receptivo e principalmente a cultura disciplinada japonesa. A recompensa ele sabia de antemão que viria depois, pois, confiando que seus trabalhos dariam certos, ele por consequência seria reconhecido mundialmente.

Qualidade por se tratar de uma filosofia e por ser composta por princípios de ação, não é uma regra obrigatória, mas sim decorrente da conscientização e disciplina para realizá-la, daí sai um fundamento importante da qualidade, disciplina para por em prática a filosofia dela.

A principal frase de Deming para os japoneses foi lhes dizer que se seguissem seus ensinamentos poderiam eles ser líderes mundiais em qualidade e assim foi. A partir dos ensinamentos de Deming, ocorreu o milagre japonês e o Japão passou de um país devastado pela guerra à um país rico e industrializado de forma recorde de tempo, em 1970 o Japão já era uma potência mundial.

Deming então ficou reconhecido internacionalmente como o mestre do milagre japonês e como uma autoridade mundial em ensinamentos da qualidade, inclusive, nos Estados Unidos que inicialmente o viram como um santo de casa. Até hoje, mesmo após a sua morte em 1993, Deming é lembrado e homenageado no Japão.

Qualidade então traz resultados para quem acredita e usa ela, mesmo que por vezes, não imediatos, a resposta sempre vem.

Apesar de hoje reconhecerem os ensinamentos e autoridade de Deming em qualidade, os americanos colheram o fato de ter tardado a reconhecê-lo. Os ensinamentos de Deming se perpetuaram no Japão e fizeram com que a indústria automobilística daquele país superasse a indústria automobilística americana em termos de qualidade e produtividade, inclusive, conquistando o próprio mercado americano de veículos, com modelos mais econômicos, leves e mais competitivos.

Marcas japonesas como a Toyota passaram a por seguidamente em risco a outrora consolidada liderança mundial de marcas americanas como a General Motors na fabricação de veículos, atualmente a Toyota em certos anos chegou a ser líder mundial em fabricação. 

Agora vamos citar alguns dos conceitos e princípios de Deming: 

- A qualidade deve ser conforme as exigências do cliente e se alterar conforme as necessidades dele, portanto, ela é flexível;
- Os fornecedores impactam na qualidade, portanto, devem ser bem selecionados e desenvolvidos;
- Os gestores impactam na qualidade e devem possuir liderança, não serem arbitrários, pois, o medo inibe a criatividade devem fazer os subordinados trabalharem cada vez melhor e não apenas mais;
- O trabalhador é quem mais conhece o produto ou serviço que ele mesmo faz, portanto, deve ter participação nas tomadas de decisões;
- A qualidade é responsabilidades de todos e não só do controle de qualidade, portanto, todos devem estar conscientizados para por em prática a filosofia dela;
- Os treinamentos também devem ocorrer no próprio local de trabalho, podendo usar os próprios empregados como instrutores por dominarem bem as atividades, devendo ainda haver um plano de capacitação forte e motivador;
- Os propósitos devem ser constantes, ninguém consegue seguir um líder que muda a todo o momento e sem critérios os rumos, que não sabe para onde ir, que é inseguro em suas metas;
- Mudança é tarefa de todos, portanto, todas as pessoas devem estar conscientizadas a necessidade de mudarem e de fazerem as coisas mudar, somente assim a melhoria contínua poderá ocorrer trazendo a qualidade, ninguém está fora da necessidade de melhorar continuamente e com todos unidos a mudança será mais fácil pela soma de esforços;
- Os setores não podem ser vistos como ilhas, mas como sistemas dependentes, assim as pessoas e setores precisam trabalhar em equipe e em parceria, pois, os setores são sistêmicos e um sofre o impacto do outro e vice-versa e isto afeta a qualidade.

Assim finalizamos esta aula de história da qualidade e desejo ter sido ela com vocês tão diferente, clara e atraente como foi com a minha turma de alunos, pois, depois da 1ª aula, eles se envolveram muito com a qualidade.