Esta postagem é fruto de um artigo por mim
apresentado nos meses finais do ano de 2013 ao cursar a disciplina de
Metodologia do Ensino Superior em meu mestrado, onde abordamos além dos
aspectos didáticos da Educação Superior, a gestão administrativa das
Instituições de Ensino Superior voltadas para a gestão estratégica.
Muito embora a postagem tenha nascido de um artigo de uma
matéria de um programa de mestrado, é plenamente útil para qualquer tipo de
empresa independente do seu segmento ou porte, pois pertence a gestão. O artigo sequer requer adaptação de segmento, pois, já fiz isto antes de
postá-lo aqui, deixando-lhe para aplicação geral, vamos a ele então a seguir.
De acordo com Teixeira et al (2010), o balanced scorecard, muito conhecido pela
sigla BSC, é uma ferramenta de gestão estratégica das empresas criada por
Robert Kaplan e David Norton da Universidade de Harvard nos Estados Unidos, que
permite com que a organização faça uma gestão eficaz do seu desempenho com base
na sua visão estratégica e na tradução dela em indicadores.
O BSC é uma ferramenta de gestão estratégica que
tem como método uma forma de gestão que sustenta a estratégia da empresa com
indicadores baseados em quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos
processos internos e da aprendizagem e crescimento.
Imagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Balanced_scorecard |
Esta filosofia de gestão permite com que se crie
sistemas de medição compartilhados entre os diferentes setores e áreas de uma
empresa, não mais baseando os monitoramentos em parâmetros unicamente
financeiros como outrora se fazia, mas indo além deles e criando uma verdadeira
integração entre os objetivos setoriais, pois, permite com que cada setor da
empresa enxergue qual o seu impacto sobre o outro e vice-versa, assim, como o
impacto de todos para a contribuição do alcance do resultado total da empresa.
O BSC como ferramenta de gestão favorece com que
todos os setores possam ter uma visão sistêmica, ou seja, dos impactos entre as
partes em cada uma de si) e uma visão holística, ou seja, do impacto de cada
uma delas na empresa inteira, pois, os indicadores de desempenho da empresa são
todos integrados, sempre atualizados e visíveis permanentemente a todos os
envolvidos. Assim, a qualquer momento todos os usuários podem conferir não a
situação dos indicadores da sua área, como os da empresa inteira, existindo programas
ainda que emitem sinais alertando em tela do computador o estado dos
indicadores para que os usuários tomem ações.
Normalmente os softwares
prontos de BSC que são disponibilizados no mercado são muito caros,
tornando-se inviável para a maioria das empresas, porém, o BSC também uma
filosofia de gestão, o que importa em dizer que pode ser implantado em um software criado pela própria empresa, o
que muitas fazem tendo com isto custos menores, ou seja, a empresa apenas
obedece a filosofia do BSC e adapta a sua realidade criando seu próprio software corporativo.
Não se pode confundir ainda o BSC como um ERP,
pois, estes últimos tem filosofias que nem sempre levam em consideração
indicadores, ou mesmo, quando levam nem sempre contemplam à risca todas as
perspectivas do BSC, o ideal é haver uma fusão de ambos quando possível na
empresa.
Antes do BSC a gestão estratégica das empresas se
dava apenas a partir da realização e controles dos orçamentos, que em resumo se
limitavam a um planejamento financeiro de quanto cada área poderia gastar
limitado a um valor máximo e justificado, normalmente dentro do período de 1
ano ou mensalmente.
Para Teixeira et al (2010), com a chegada da
filosofia do BSC o orçamento deixou de ser o único protagonista da gestão
estratégica para ser o coadjuvante dentro desta, sem jamais perder a sua
importância, mas sim, dividi-la entre outras 3 perspectivas, além dele dentro
da perspectiva financeira. As perspectivas, segundo Kaplan e Norton, são 4:
Financeira, Cliente, Processos Internos e Aprendizagem e Crescimento.
Ø Perspectiva
Financeira: Esta perspectiva é voltada para medir e avaliar os resultados
financeiros da empresa para a sua sobrevivência e para a satisfação dos
acionais em termos de lucro e lucratividade. Nela deve-se possuir medidas do
lucro, da redução de custos, orçamento, análise de investimentos, etc;
Ø Perspectiva
do Cliente: Esta perspectiva se volta à medição e avaliação do atendimento das
necessidades e da satisfação dos clientes e da permanência deles como foco do
negócio. Entre outras medidas, pode se citar, a medida de participação no
mercado da empresa, da satisfação dos clientes, do aumento de clientes e da
fidelização de clientes;
Ø Perspectiva
dos Processos Internos: Esta perspectiva é voltada para a criação de novos
produtos ou serviços, desenvolvimento de processos organizacionais e das
operações da empresa, envolvendo a produção, distribuição, vendas, pós-venda,
etc;
Ø Perspectiva
de Aprendizagem e Crescimento: Esta perspectiva é voltada para a atenção as
pessoas para o sucesso da empresa. As medições se dão a partir de indicadores
como índice de rotatividade, de absenteísmo, horas de treinamento, pesquisas de
clima organizacional e do desenvolvimento de competências.
Segundo Kaplan e Norton (2006), no que se refere ao
alinhamento das estratégias organizacionais, ou seja, da sinergia delas frente às
quatro perspectivas do BSC, estas precisam responder as seguintes perguntas:
Ø Na
perspectiva financeira como se pode aumentar o valor para os acionistas
observando onde investir, onde lucrar, onde equilibrar o risco do negócio e
como atrair novos investidores através de uma boa imagem da empresa;
Ø Na
perspectiva clientes deve vê-los como um valor precioso, e como manter um bom relacionamento
que garante sempre a recompra dos serviços ou produtos da empresa;
Ø Na
perspectiva de processos internos, a questão é responder como manter a sinergia
na cadeia de valor, envolvendo, fornecedores, distribuidores, logística e
demais processos internos para obter uma economia em escala para os acionistas
e para o próprio negócio;
Ø Na
perspectiva aprendizado e crescimento, frisa a busca em como desenvolver e
compartilhar os ativos intangíveis da empresa, como as pessoas como talentos
humanos, as tecnologias, as lideranças e a cultura organizacional.
Como podemos perceber todas as perspectivas são
integradas, dependem uma das outras e abordam a empresa inteira, e esta é uma
das principais vantagens do BSC, ou seja, a integração holística (do todo) e
sistêmica (entre as partes), que permite com que mutuamente possam ocorrer
tornando a empresa mais competitiva no mercado. Além disto, o BSC propicia um
equilíbrio entre o controle destas perspectivas.
É importante que o que o BSC, ao ser implantado,
seja antecipado de uma Análise SWOT onde a empresa identifique o seu ambiente
interno a partir das suas forças e fraquezas e o seu ambiente externo a partir
das oportunidades e ameaças que neste se encontram.
O ambiente interno é aquele sobre o qual a empresa
detêm algum poder de controle (normas, procedimentos de trabalho, clima
organizacional, infraestrutura, etc) e o ambiente externo é aquele em que o
controle foge às possibilidades da empresa (aspectos políticos, sociais e
econômicos, legislações, etc), sendo, possível apenas se preparar para o mesmo
com planejamentos e ações estratégicas.
É imprescindível a participação de toda a equipe de
trabalho na análise, pois, isto gera um maior comprometimento destes para com a
mesma e para as ações decorrentes delas, pois, assim os empregados tendem se
sentir participativos e corresponsáveis pelas decisões.
Da análise SWOT se gera ainda a missão e visão da
empresa, e disto o BSC é implementado a partir das quatro perspectivas aqui
abordadas e em paralelo com um plano de ação usando a matriz 5W2H, que também é
uma ferramenta de gestão, que inclusive, consta em postagens anteriores aqui neste
mesmo blog.
Assim, sugiro a leitura complementar das demais ferramentas
de gestão aqui citadas e que constam neste blog como 5W2h, Matriz Swot,
Projeção de Cenários, entre outras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TEIXEIRA et al. Gestão estratégica de pessoas. 2.ed. Rio
de Janeiro: FGV, 2010.
KAPLAN, Robert S; NORTON, David P.
Alinhamento: utilizando o balanced
scorecard para criar sinergias corporativas. 4.ed. Rio de Janeiro: Campus,
2006.
Aulas do Prof. André Stein da Silveira, Mestrado em Educação, Unilasalle: Canoas, 2013.
Aulas do Prof. André Stein da Silveira, Mestrado em Educação, Unilasalle: Canoas, 2013.