Este dia 09 de Setembro, é data
magna de todos os profissionais que se formaram como Administradores e
Gestores, é o dia do Administrador e do Gestor, data esta na qual foi
regulamentada pela Lei nº 4.769/1965, esta nossa profissão na qual
orgulhosamente me incluo como administrador, e acumulo com a minha profissão de
professor universitário.
Em reconhecimento à esta data
magna, estou realizando esta postagem sobre os dois principais Pais da
Administração: Frederick Taylor
(1856-1918) e Henri Fayol (1841-1925), que marcaram os estudos mais profundos
sobre esta área, e que, indiscutivelmente contribuíram para que ela fosse
reconhecida como Ciência Administrativa, a partir de suas teorias.
Inicialmente é importante
destacar que o estudo da administração vem de uma longa data envolvendo
diversos aspectos históricos e diversas ciências do conhecimento, pesquisas
retratam que os estudos começaram com os povos da antiguidade, especialmente
com os egípcios na arte de planejar, organizar, controlar, descentralizar e
formalizar as ordens, com os babilônios na definição de responsabilidades, na formalização
de controles escritos e na cessão de incentivos salarias e com os hebreus nas
definições de hierarquias e na eleição de prioridades, além dos povos chineses
na padronização de sistemas.
Ainda na antiguidade esta ciência
também contou com a contribuição de filósofos gregos como: Sócrates para
definir as habilidades pessoais e técnicas, Platão que tratou da divisão do
trabalho e de Aristóteles ao definir as políticas de gestão.
Instâncias como a igreja católica
e as organizações militares também contribuíram com a ciência administrativa
nas questões de hierarquia e de disciplina, além de diversos economistas
liberais, que por defenderem a livre concorrência estabeleceram qualidades
necessárias ao bom administrador, como a capacidade para realizar previsões e
controlar, por exemplo.
Em que pese tais contribuições, a
administração ganhou maior força como ciência a partir das Escolas Científica e
a Escola Clássica da Administração, propostas pelos estudos dos engenheiros
Frederick Taylor (1856-1918), que definiu uma teoria cientifica da
administração e Henri Fayol (1841-1925), que definiu uma teoria clássica para a
administração.
Frederick Taylor (1856-1918) |
Taylor era um engenheiro
americano formado no chão de fábrica, com visão de baixo para cima na pirâmide
organizacional de uma empresa, ou seja, possui uma visão que vinha do nível
operacional. Neste estilo, Taylor se destacou em seus estudos de tempos e
movimentos para a produção, criando condições para eliminar o máximo de
movimentos desnecessários, economizando energia e tempo para produção.
Para isso, Taylor observava
detalhadamente todo o processo produtivo, cronometrando, fotografando e ao
final estudava profundamente todas as atividades dos trabalhadores visando
melhorar o processo produtivo, escrevendo, inclusive, livros a partir dos
registros de suas pesquisas, entre eles o clássico Princípios da Administração
Científica no ano de 1911.
Seu grande marco foi a criação da
Escola da Administração Científica, também chamada de Teoria Científica da Administração,
onde traçou uma série de fundamentos que contribuem para a administração eficaz
até os dias de hoje, logicamente se articulados com outros conhecimentos
contemporâneos e com a prevalência do bom senso. Vamos a eles:
-O objetivo principal da
administração é a máxima prosperidade do patrão e ao mesmo tempo do trabalhador:
sem dúvida, num mundo contemporâneo deve-se vestir a camiseta das empresas que
nos empregam e ao mesmo tempo garantir a sobrevivência das mesmas a partir do
lucro, e por consequência, dos empregos. Para o trabalhador, além da manutenção
do emprego, a empresa deve lhe propiciar um salário justo;
-Identidade de interesses entre
patrões e trabalhadores: é preciso propiciar um equilíbrio nas relações de
trabalho, reduzindo o conflito entre capital e trabalho, como nos dias atuais;
-Uniformizar os processos
reduzindo a iniciativa do trabalhador: para Taylor o trabalhador era incapaz de
ter autonomia, por isso, os processos devem ser uniformes, entende-se porém
agora, que embora os processos devam continuar sendo uniformes atualmente por
uma questão de padronização e de gestão, a falta de capacidade do trabalhador
para possuir autonomia, hoje, não deve ser tratada de forma generalizada, pois,
sabe-se que muitos trabalhadores já são criativos e inovadores, portanto, este
princípio deve ser aplicado com esta ressalva, para isto, usa-se a moderna
Gestão por Processos aliada ao método Kaizen, que visa a melhoria contínua numa
empresa a partir de ideias de todos;
-Preparar os trabalhadores
através treinamentos para assim, produzirem mais e melhor, como nos dias de
hoje deve ocorrer;
-Controlar para que o trabalho
seja executado conforme os procedimentos definidos, o nos dias atuais ainda é
útil, pois, organiza o processo;
-Distribuir as atribuições e
responsabilidades para uma execução do trabalho disciplinada;
-Dividir o trabalho de modo a
especializar o trabalhador em uma única etapa, tal princípio, embora existente
nos dias atuais, deve ser visto com ressalvas, para não fazer com que o
trabalhador se torne tão especialista em uma única etapa do processo que passe
a agir mecanicamente sem pensar, e que também não tenha uma visão do todo. Para
isto, as empresas conscientes, realizam rodízios de funções por exemplo;
-Realizar a supervisão funcional
do trabalhador com vários chefes diferentes, o que atualmente, tende a gerar
confusão na rotina de trabalho pelo excesso de chefes, muitas vezes com
opiniões diferentes, que disputam entre si o poder sobre os subordinados e que
nem sempre se comunicam bem, o que certamente, gera conflitos não apenas entre
os mesmos, mas também entre eles os trabalhadores. As empresas atuais, que tem
feito, isto colhem estes problemas que citei.
Apesar de suas contribuições para
a gestão e por envolver princípios muito produtivos em termos de eficiência, a
administração científica pode ser vista como mecanicista, na medida em que o
homem é considerado por ela como uma máquina, lhe tratando com um elemento
isolado no processo produtivo, sem considerar as suas diferenças e
necessidades, tanto é, que neste modelo surgiram e ainda surgem muitas
insatisfações entre os trabalhadores.
Pode-se, e até deve-se usar parte
dos fundamentos da administração científica nos processos, mas desde que de
moda equilibrada e contemporânea, considerando sempre o trabalhador como um ser
humano, e observando também as suas necessidades.
Taylor, é considerado o pai da
Administração Científica, também conhecida como Taylorismo.
Henri Fayol (1841-1925) |
Já o também engenheiro Fayol, que
era francês, criou a Escola Clássica da Administração, também conhecida como e Teoria
Clássica da Administração, onde Fayol ao oposto de Taylor, tinha uma visão de
cima para baixo da pirâmide organizacional de uma empresa, tendo uma visão mais
estratégica.
Assim, Fayol, preocupou-se ao
oposto de Taylor, com os órgãos e funções que compunham uma empresa,
predominando a sua atenção sobre a estrutura organizacional, onde ele dividiu
as funções básicas de uma empresa em duas funções: uma operacional e outra
essencial.
Como fundamentos, a teoria
clássica de Fayol tinha como princípios de fundamentação:
-Divisão do trabalho para que a
especialização dos trabalhadores e gerentes aumentem a eficiência, tendo ideias
parecidas com Taylor neste ítem, mas com foco maior para as responsabilidades e
não para a especialização apenas;
-Hierarquia, definindo quem tem
o direito de dar ordens e a quem cabe obedecê-las, vemos isso ainda muito
presente nos organogramas das empresas;
-Unidade de Comando: ao oposto de
Taylor, Fayol entendia que cada trabalhador deveria receber ordens de único
chefe, o que ocorre hoje na maioria das empresas, e certamente, gera menos
conflitos e problemas de comunicação;
-Unidade de Direção: cada área
deve ter um único diretor, que seja, um cabeça para os objetivos, também muito
aplicado nas empresas atuais que dividem suas direções por áreas: Comercial,
Financeira, RH, etc;
-Os interesses coletivos devem
prevalecer sobre os interesses individuais, o que vemos nas empresa onde o
trabalho seja feito em espírito de equipe, conforme já defendia Fayol;
-Estabilidade dos trabalhadores:
Fayol, já naquela época percebia, que a rotatividade dos trabalhadores gerava
um impacto negativo em toda a empresa, o que ainda ocorre nos dias de hoje,
sendo a rotatividade um mal que precisa ser administrado, visto que, a empresa
fica suscetível a perder trabalhadores treinados em prol de outros novatos a
treinar, a gerar maior fadiga nos trabalhadores que ficam pelo excesso de horas
extras, assim, como por vezes, ter falhas produtivas por falta de mão de obra
ainda não selecionada, afetando a qualidade dos serviços ou produtos frentes
aos clientes;
-Remuneração pessoal justa para a
satisfação do trabalhador, o que fecha com as empresas que atuam com o sistema de
remuneração por competências;
-Ordem: organização do sistema
produtivo, o que embasa os programas atuais de 5 S que vemos na prática, assim,
como as empresas que se certificam pelas normas ISO, etc;
-Equidade de modo a equilibrar a
disciplina e trabalho de forma justa;
-Iniciativa: como competência
para ver um plano e garantir que ele funcione;
-Centralização: a autoridade
deveria estar centralizada no topo da pirâmide organizacional;
-Cadeia escalar: linha
autoridade, que segue do comando mais alto para o mais baixo.
Fayol ainda, definiu as 5 Funções
Universais do Administrador, que são consagradas até os dias de hoje, e que
ainda acham pleno espaço e necessidade em todas as ações de gestão de uma
empresa moderna, que são elas:
-Prever: é a competência do
administrador visualizar o futuro e planejar em cima dele criar planos de ação;
-Organizar: é a competência do
administrador para providenciar todos os recursos para o efetivo funcionamento
de uma empresa de forma ordenada;
-Comandar: é competência do
administrador de dirigir e instruir os seus subordinados de modo a atingir o
máximo de retorno dos resultados deles, enfim, é sua competência de liderança;
-Coordenar: é a competência do
administrador de unir harmonicamente todos os processos, ações e esforços
coletivos;
-Controlar: é a competência do
administrador de monitorar para que tudo aconteça conforme as regras, ordens e
planos estabelecidos.
Para Fayol, o administrador
deveria ainda possuir qualidades como: saúde, intelecto, moral, cultura geral,
conhecimentos técnicos e experiência, o que ainda é um requisito que compõe parte
das competências que mesmo nos dias atuais um gestor precisa possuir.
Entendo, que tanto a Teoria Científica como a Teoria Clássica da Administração trouxeram contribuição para a Ciência Administrativa, não cabendo discussão sobre se uma teoria está certa ou errada, mas sim, na afirmação que elas se complementam e que devem ser ajustadas de acordo com o contexto de cada empresa e do tempo contemporâneo em que vivemos.
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